domingo, 27 de julho de 2008

♪ A riqueza desse mar, dessa maré... ♪

De volta, depois de algum tempo, mergulhada na MPB e degustando artistas maravilhosos e suas obras, compartilhamos este meu momento MPB e leiamos com um olhar mais crítico a música "Mulher Sem Razão" de Cazuza e atualmente cantada/gravada por Adriana Calcanhotto (Cd: Maré), não deixando de dar opiniões:

Saia dessa vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou
Caia na realidade, fada

Olha bem na minha cara
E confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar
Mulher sem razão

Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Ao cair da tarde
Ouve aquela canção
Que não toca no rádio
Pára de fingir que não repara

Nas verdades que eu te falo
Dê um pouco de atenção
Parta, pegue um avião, reparta

Sonhar só não dá em nada
É uma festa na prisão
Nosso tempo é bom

E nós temos de montão
Deixa eu te levar então
Pra onde eu sei que a gente vai brilhar
Mulher sem razão

Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Batendo travado
Por ninguém e por nada
Na escuridão do quarto

[Minha Interpretação]:

Muito interessante a abordagem da imagem do sentimento (amor) Vs. a Razão. Razão essa que não existe, é a mulher sem razão, aflorada de atitudes sentimentais.
No trecho em que aparece "Mulher sem razão/Ouve o teu homem" me faz pensar o quanto a figura feminina é lembrada como a mais sentimental e romântica em um relacionamento ou em qualquer outra circunstância da vida. Ao pedir para ouvir o teu homem, penso que aconselha-se a essa mulher que use o seu "lado masculino", seu "lado homem" que é o racional, para agir diante da vida, para não comenter erros que fatalmente cometeria usando o coração.

Uma outra passagem muito rica, ao meu ver, criando um jogo de idéia é quando diz: "Caia na realidade, fada". Pergunto: O que podemos pensar das palavras realidade e fada? E respondo:
Acredito que se temos a realidade, vemos o concreto sem nenhuma influência ou resquício do imaginário, do fantástico. Tendo aqui a presença da palavra fada, vemos a mistura da idéia entre o real e o imaginário, como se ambas as palavras se findissem e assim pudessem ser vistas como uma expressão e ainda igualdas, tanto realidade quanto fada seriam a mesma coisa, pertenceriam ao mesmo campo semântico.

Para não mais me estender, termino com mais um trecho que muito chamou a minha atenção, sendo este: "Sonhar só não dá em nada/É uma festa na prisão". Mais um momento de extrema riqueza na letra, uma visão metafórica do que vem a ser o sonho em nossas vidas, ela se torna uma festa na prisão. Como seria uma festa na prisão? Claro que à primeira vista, inviável, mas pensemos que seja viável, o espaço seria bem pequeno, não haveria música, os convidados não seriam amigos, nem familiares... Algo desagradável, estranho, novo, desconfortável e assim por diante. Imaginar uma cela já é horrível, uma festa dentro dela mais ainda.
Sonhar é tão bonito, tão importante em nossas vias e tão necessário, compará-la a uma prisão é certamente uma imagem pesada e totalmente pertinente na música pois acima de crer que sonhar não dá em nada, é apenas viver de sonhos, já que sonhar só não dá em nada, uma festa na prisão também não dá.

Agradeço a visita e comentem, dêem suas opiniões e idéias. Não pe necessário que concordem e sim que acrescentem com mais e mais idéias!
Obrigado!


Um comentário:

anderson pinheiro a.s. disse...

muito bom seu blog, seus textos, musicas!
=D

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